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Omnipotence Paradox Debunked

Onipotente (Oni - do Latim omni, “tudo”; Potente - do Latim potens, “poderoso”, “aquele que pode”; transl.: O Todo Poderoso, Aquele que pode tudo).

Descrição

Na teologia, onipotência é um dos atributos exclusivos e incomunicáveis de Deus. Trata-se de um conceito teológico, filosófico, religioso e metafísico, abordado na área na área da lógica, e deve carregar o atributo da grandeza máxima no qual Deus seria um ser maximamente grande,[1] ou, o maior ser concebível.[2]

Dentre os teólogos a abordar esse atributo, está o filósofo escolástico Tomás de Aquino, em sua obra Summa Theologiæ, na qual aborda diversos assuntos diferentes sobre teologia, onde está a visão mais defendida atualmente sobre a onipotência, na qual ela está apta para realizar o possível absoluto. Outros filósofos apresentaram uma visão diferente da tomista, tais como René Descartes, que defendia que a onipotência era capaz de violar tanto verdades contingentes quanto necessárias, e que Deus não deveria ser limitado à lógica clássica nem pela matemática.

As divergências entre as visões em algumas vezes têm o objetivo de responder a família de paradoxos da onipotência, que discutem a possibilidade de um ser onipotente existir frente aos problemas lógicos com essa qualidade. Na maioria das vezes, tais paradoxos envolvem a violação da lei de não contradição.

Definição escolástica

A visão escolástica da onipotência é a mais clássica, e atualmente a mais defendida na teologia. Um dos defensores mais notáveis dessa posição foi o filósofo escolástico Tomás de Aquino, em sua obra expressa no compilado de livros Summa Theologiæ.

Para Tomás de Aquino, a onipotência é conceitualmente a totalidade dos atos possíveis. Ele defende que a palavra potência já carrega algo possível desde a semântica da palavra,[3] de modo que a onipotência seja a capacidade de realizar todos os atos no possível absoluto. O escritor Clive Staples Lewis, mais conhecido por sua obra As Crônicas de Nárnia, toma uma visão semelhante à de Tomás de Aquino, e argumenta que o absurdo continua sendo um absurdo, mesmo tratando-se de Deus. Para C. S. Lewis, dizer uma frase contraditória se trata apenas de espalhar coisas que não carregam significado, e portanto, não seria de qualquer relevância se tratando da onipotência divina.[4]

Na lógica modal, uma entidade contraditória não está presente em nenhum mundo possível, de modo que ela não exista, nem possa vir a ser verdadeira.[5] Evidentemente, a existência como qualidade do ser deve carregar a possibilidade, sendo ou pela contingência, ou pela necessidade. Um ser impossível não possui a qualidade do ser, e consequentemente, não existe, é o mesmo que nada. Argumenta-se que, como essas entidades não possuem a existência ou possibilidade como qualidade, elas são o mesmo que nada, e fazer nada é nada fazer.

A maioria dos autores escolásticos se baseiam nos princípios da lógica aristotélica, em especial, a lei de não contradição. Isso impossibilitaria que a onipotência realizasse ou criasse entidades contraditórias ou absurdos lógicos, como um triângulo cuja hipotenusa é maior que a soma dos catetos, ou um filho único com dois irmãos. Apesar disso, uma coisa o é por sê-la conceitualmente, de modo que ainda seria possível para a onipotência escolástica criar todas essas coisas mudando suas definições.

Definição translógica

Ela não possui origem definida e é defendida por poucos filósofos e teólogos, e rejeitada por muitos, por ser muito simplista e, obviamente, ilógica. Alguns a defendem, tais como René Descartes (Renatus Cartesius, 1596-1650).

Segundo essa, ele pode realizar ações logicamente possíveis, e mesmo ideias logicamente impossíveis, absurdos lógicos, pseudoações e contradições. Essa Onipotência possivelmente responde aos paradoxos como o Problema do Mal e o Paradoxo da Pedra.

Essa Onipotência pode criar um triângulo cuja hipotenusa é maior que a soma dos catetos ou um filho único com dois irmãos sem mudar a definição de Triângulo. Pode realizar as ações que se contradizem por natureza sem que haja contradição.

Ela usa a lógica como base argumentativa, apesar de não se limitar a lógica clássica como a definição Tomista. Alguns paradoxos, tais como o Paradoxo do mentiroso[6] (embora o tal seja apenas uma afirmação paradoxal, e não uma ação contraditória como um filho único com dois irmãos) são concebíveis na realidade mesmo violando o Princípio da não contradição, e essa definição funciona da mesma forma que a afirmação desse paradoxo.

Há uma área na lógica chamada lógica paraconsistente, que poderia ser a solução para a existência de um ser contraditório. Para isso, deveria assumir que a onipotência é paraconsistente[7], que aponta que ela não se limita aos princípios da lógica clássica e pode, portanto, violar o Princípio da não contradição. Dialeteístas antigos, tais como St. Peter Damiani e Nicolau de Cusa, argumentavam que sendo Deus onipotente, ele deveria ter propriedades tanto negativas quanto positivas, sendo essas opostas umas às outras, de modo que elas pudessem coexistir entre si; nessa linha de raciocínio, ele deveria ter propriedades que se contradizem entre si.

Características

Há características necessárias para qualificação de Onipotência, que podem ser identificadas na natureza do ser. Sem as tais, o ente não pode ser considerado Onipotente.

Existem algumas qualidades que o imortal de tipo 10 deve possuir por padrão. Em suma são as seguintes:

Transcendência

O Onipotente deve ser transcendental em sua natureza, vindo a estar acima de todas as coisas. Isso deve, necessariamente, incluir todas as entidades contingentes possíveis, como o tempo, espaço, vida, morte, leis naturais, entidades concretas e abstratas.

Asseidade

Sua existência não se baseia em quaisquer princípios causais, e que contenha dentro de si a causa de si mesmo, que o torna diferente de todas as outras entidades existentes. Possui uma existência autônoma, livre, autossuficiente e incondicionada.

Eternidade e Infinitude

Ele não deve possuir início ou fim, bem como ter em sua natureza uma associação ao infinito absoluto proposto por Georg Cantor, um conceito de infinito que transcenda todos os números e conjuntos transfinitos, e todos os níveis possíveis de infinitude.

Atemporalidade

Filosoficamente, eternidade em seu sentido absoluto vem a ser sinônimo de atemporalidade. Como transcendental, ele não pode estar restrito ao tempo e às leis de causa e efeito.

Imutabilidade

Por não ser restrito às leis causais, e possuir em sua natureza eternidade e atemporalidade, a entidade Onipotente não muda em sua natureza, sendo sempre o mesmo.

Supremacia

Sua autoridade deve estar acima de todas as outras, sem que haja uma restrição, por mínima que seja, à sua vontade. Nenhum ser deve ser sequer comparável a ele, independentemente do nível que esse ser atinge.

Incorporalidade

Corpos na física são todas as coisas que possuem massa e ocupam lugar no espaço. Desde que massa é um atributo da matéria e que o Onipotente deve ser transcendental à matéria, ele não deve possuir um corpo.

Desfeitos

Um desfeito de Onipotência é qualquer coisa que viole as características da Onipotência. Caso alguma entidade viole essas características, essa entidade é desfeita como Onipotente.

Nossas aplicações

Após uma votação, decidimos adotar como padrão a Onipotência Luterana, de modo que o Onipotente pode violar o Princípio da não contradição.

Os chamados "desfeitos" apesar disso, mantém-se funcionais, de modo que qualquer restrição que o Onipotente tiver além dele mesmo o desfaz como Onipotente.

Ele deve ser assim como a definição que Anselmo da Cantuária (conhecido também como Anselmo de Aosta e Anselmo de Bec) usou para Deus no monoteísmo, aquilo além do qual nada maior pode ser concebido[2].

Nota

  1. Nenhum personagem na ficção é Onipotente de fato. O simples fato de ser ficção já o exclui d’aquilo além do qual nada maior pode ser concebido. Todos os personagens do que classificamos como Camada 0 ficam como Questionáveis Onipotentes.
  2. Em relação aos paradoxos, eles só se aplicariam com a aplicação da lógica. No caso da Onipotência Ilógica, o Onipotente transcende tanto a lógica, quanto as contradições, quanto os paradoxos. No caso do Onipotente Lógico, não é exigida a realização de absurdos lógicos, de modo que não se contradizer não o desfaz como Onipotente.

Ver também

Referências

  1. PLANTINGA, Alvin. 1967, God and Other Minds, Ithaca: Cornell University Press.
  2. 2,0 2,1 Anselmo da Cantuária. "Anselm's Proslogium or Discourse on the Existence of God, Chapter 2". David Banach's homepage at Saint Anselm College. Recuperado em 27/12/2006. Disponível em: http://www.anselm.edu/homepage/dbanach/anselm.htm
  3. AQUINO, Tomás. Século XIII, Summa Theologiæ I, Q. XXV, Art. 3. Tradução clássica de Alexandre Correia. Disponível em: https://sumateologica.files.wordpress.com/2017/04/suma-teolc3b3gica.pdf.
  4. LEWIS, Clive. 1940, O Problema do Sofrimento, A Onipotência Divina.
  5. MENZEL, Christopher. The Stanford Encyclopedia of Philosophy, Possible Worlds, 2016. Disponível em: https://plato.stanford.edu/entries/possible-worlds/
  6. DOWDEN, Bradley. Internet Encyclopedia of Philosophy (IEP): Liar Paradox. California State University, Sacramento. Disponível em: http://www.iep.utm.edu/par-liar/
  7. DA COSTA, Newton & BEZIAU, Jean-Yves. 1st World Congress on Logic and Religion, Hotel Tambaú, João Pessoa, Brasil, 1st to 5th April 2015. p. 25. Disponível em: http://page.mi.fu-berlin.de/cbenzmueller/papers/2015-handbook-logic-and-religion.pdf
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